Após 17 dias de luto e expectativa, a Igreja Católica encerra oficialmente o ciclo do pontificado do Papa Francisco com a eleição de seu sucessor. Uma nova era começa com a tradicional fumaça branca que, nesta terça-feira (7), às 13h08 (horário de Brasília), anunciou ao mundo que o 267º papa da história foi escolhido.
Habemus Papam: a transição histórica no Vaticano
A Capela Sistina voltou a ser o epicentro da atenção global nesta terça-feira. A fumaça branca subiu pela chaminé do Vaticano sinalizando que, após quatro escrutínios, os cardeais eleitores chegaram a um consenso. Com isso, a Igreja Católica Apostólica Romana tem oficialmente um novo pontífice.
O anúncio público do novo papa será feito nas próximas horas, quando o cardeal protodiácono Dominique Mamberti aparecerá na sacada central da Basílica de São Pedro para proclamar o famoso “Habemus Papam” (“Temos um Papa”, em latim), seguido pela primeira aparição do novo líder religioso.
O novo papa deve então realizar a bênção solene “Urbi et Orbi” (à cidade e ao mundo), cumprindo um dos mais emblemáticos ritos da Igreja.
Papa Francisco: fim de um ciclo e legado transformador
O novo papa sucede Francisco, o 266º pontífice, que faleceu em 21 de abril de 2025, aos 88 anos, após sofrer um acidente vascular cerebral e apresentar quadro de insuficiência cardíaca. Ele morreu na Casa Santa Marta, onde optou por viver desde o início de seu pontificado, recusando os luxuosos aposentos papais.
Francisco foi o primeiro papa jesuíta e o primeiro sul-americano a comandar a Igreja Católica. Ele marcou seus 12 anos de pontificado por uma forte ênfase na misericórdia, na inclusão social, na reforma das estruturas da Igreja e no diálogo com outras religiões.
Seu funeral foi realizado no dia 26 de abril e reuniu milhares de fiéis e líderes mundiais na Praça de São Pedro. Francisco foi sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma — um gesto simbólico que reforça sua simplicidade e compromisso com as origens da fé cristã.
Conclave e escolha do novo papa
O conclave que elegeu o novo papa teve início dias após o funeral de Francisco. Participaram 133 cardeais com menos de 80 anos, aptos a votar, conforme determina a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, que rege as eleições papais. Dois cardeais não puderam participar por motivos de saúde.
Para ser eleito, o novo papa precisou de no mínimo 89 votos — dois terços dos cardeais presentes. Após a votação final e sua vitória, ele respondeu às perguntas rituais: “Aceita tua eleição canônica como Sumo Pontífice?” e “Como quer ser chamado?”.
Antes de se apresentar ao mundo, o papa eleito passou alguns minutos sozinho na chamada Sala das Lágrimas, um espaço reservado onde ele se prepara emocional e espiritualmente para assumir o maior cargo da Igreja.
Participação brasileira no conclave
O Brasil, maior país católico do mundo em número de fiéis, teve forte representação no conclave. Sete cardeais brasileiros participaram da eleição:
- Dom Paulo Cezar Costa (57 anos)
- Dom Leonardo Ulrich Steiner (74)
- Dom Odilo Pedro Scherer (75)
- Dom Jaime Spengler (64)
- Dom Sérgio da Rocha (65)
- Dom Orani João Tempesta (74)
- Dom João Braz de Aviz (77)
Os nomes de Dom Odilo e Dom Braz de Aviz chegaram a ser citados entre possíveis papáveis por analistas internacionais.
Expectativas em torno do novo papa
Embora a identidade do novo papa ainda não tenha sido revelada, há grande expectativa sobre qual será o seu perfil. Diante das reformas iniciadas por Francisco — muitas das quais geraram resistência entre setores conservadores da Igreja — há tensão entre os que desejam continuidade e os que defendem um retorno a uma doutrina mais tradicional.
Entre os desafios do novo pontificado estão:
- A continuidade ou revisão das reformas administrativas e financeiras iniciadas por Francisco;
- O fortalecimento das políticas de combate a abusos sexuais;
- O papel da mulher na Igreja e a inclusão de leigos;
- O diálogo com outras religiões e crenças;
- A modernização da linguagem e das práticas pastorais;
- O reposicionamento da Igreja frente a temas sensíveis como sexualidade, mudanças climáticas e justiça social.
Um novo ciclo, uma nova esperança
A eleição de um novo papa marca o início de um novo ciclo espiritual e político para os mais de 1,3 bilhão de católicos ao redor do mundo. A liderança papal continua sendo uma referência moral global, com influência sobre debates sociais, culturais e geopolíticos.
Ainda que o nome e nacionalidade do novo papa só sejam conhecidos nas próximas horas, a fumaça branca já reacende a esperança de renovação dentro da Igreja e fora dela.
O mundo aguarda: próximo capítulo da história papal será escrito hoje
Com o anúncio iminente do “Habemus Papam”, o mundo voltará seus olhos para a sacada da Basílica de São Pedro, onde o sucessor de Francisco será revelado. Independentemente de sua origem ou visão teológica, o novo papa carregará o peso de manter a fé viva, promover a unidade e enfrentar os grandes dilemas do século XXI.